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ALCÁCER DO SAL

Alcácer, Grândola e Setúbal querem a travessia do Sado mais acessível.

Os tarifários cobrados na travessia do rio Sado “podem, em algumas circunstâncias, ser mais elevados do que fazer a viagem para aquele território por autoestrada, com passagem por Alcácer e rumando depois à Comporta”.

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Setúbal

Setúbal, Grândola e Alcácer do Sal defenderam soluções que tornem mais acessível o acesso fluvial a Troia, incluindo a possibilidade de associar o passe Navegante à travessia.

Numa conferência de imprensa conjunta com os presidentes das câmaras municipais de Alcácer do Sal, Vítor Proença, e de Grândola, António Figueira Mendes, realizada esta manhã no Forte de São Filipe, o presidente do município de Setúbal, André Martins, defendeu a necessidade de intervenção das duas entidades numa questão de interesse nacional.

“Desde tempos imemoriais que o rio Sado é um elemento que facilita a ligação entre a Área Metropolitana de Lisboa e o Sul do país. Hoje, infelizmente, é cada vez mais uma barreira à mobilidade entre as duas margens, devido aos elevados preços praticados no transporte fluvial.”

Para os autarcas, a AML e o Governo “devem assumir as suas responsabilidades para alterar a atual situação e criar as condições necessárias de mobilidade de pessoas e bens para a península de Troia”, melhorando o acesso das populações da Área Metropolitana de Lisboa ao Litoral Alentejano.

Uma das soluções, indicou André Martins, passa pela “entrega do serviço público de transportes da travessia fluvial às entidades públicas com competências nesta matéria, como é o caso da AML”, pois este serviço “deve deixar de estar condicionado por um contrato de concessão gerido pela administração portuária”.

O autarca defendeu, igualmente, que deve equacionada a hipótese de incluir esta travessia no passe Navegante, “permitindo diminuir os custos para as populações que necessitam de atravessar, diariamente, as duas margens do Sado”.

Num comunicado conjunto divulgado na conferência de imprensa desta manhã, os presidentes dos municípios que integram o arco ribeirinho do Sado revelam que decidiram tomar uma posição pública sobre o problema da travessia fluvial, entre Setúbal e Troia,“depois de, nos últimos meses, terem analisado esta situação em conjunto, a par da realização de vários contactos”.

Esta travessia “é uma ligação essencial ao desenvolvimento económico, bem como à coesão social, dos territórios” de Setúbal, Alcácer do Sal e Grândola, sendo que sua relevância “tem de ser associada, por exemplo, à função das estradas nacionais que asseguram as ligações rodoviárias a todo o Litoral Alentejano, bem como à autoestrada”.

Os três autarcas defendem que devem ser encontradas, em conjunto com a Área Metropolitana de Lisboa e o Governo, “soluções e caminhos que façam do Sado, no que diz respeito à mobilidade de pessoas e bens, um elo de ligação acessível e claramente alternativo a outras opções rodoviárias, tanto do ponto de vista económico, como do ponto de vista ambiental”.

Os tarifários cobrados na travessia do rio Sado “podem, em algumas circunstâncias, ser mais elevados do que fazer a viagem para aquele território por autoestrada, com passagem por Alcácer e rumando depois à Comporta”.

Com o tarifário atual, “quem quiser atravessar o Sado com a sua viatura no ferryboat terá de pagar 19,60 euros, com o condutor incluído, mais 5,60 euros pelo primeiro passageiro e 4,30 euros por cada um dos restantes”, o que para uma viatura com quatro pessoas totaliza 33,80 euros por viagem, “mais do que algumas viagens para destinos europeus em companhias de aviação lowcost”.

Se a viagem se realizar no catamarã, que apenas transporta passageiros, o percurso de ida e volta tem o custo de 8,80 euros.

“Utilizando um carro ligeiro a gasolina, o custo da viagem para quatro pessoas continua a ser ligeiramente mais baixo do que se utilizarmos o barco, o que, naturalmente, afasta da travessia muitos potenciais utentes, que preferem utilizar a sua viatura com a comodidade que lhe é sempre associada e, claro, a consequente pegada ecológica”, lamentam os autarcas de Setúbal, Alcácer do Sal e Grândola.

Esta situação, acaba por “afastar quem necessita de atravessar o rio para trabalhar, abastecer as populações que ali vivem, apoiar as atividades que se desenvolvem daquele lado ou para ir à praia ou fazer turismo” em Troia.

Os autarcas destacam a importância histórica, económica, social e ambiental de Troia para a região, uma vez que é “um ponto de paragem, de passagem e de transição entre duas grandes unidades territoriais, a Península de Setúbal, território onde vive praticamente um terço da população da Área Metropolitana de Lisboa, e o Alentejo”.

A península de Troia tem um “papel fundamental” na relação de toda a Área Metropolitana de Lisboa com o Litoral Alentejano, “seja na deslocação de mão de obra, seja no acesso a equipamentos turísticos e zonas balneares, seja, ainda, no abastecimento de variadíssimas matérias aquela área”.

Também as relações das populações dos concelhos do Litoral Alentejano com Setúbal “são, historicamente, muito relevantes”, sendo que milhares de pessoas continuam a utilizar serviços de saúde sedeados em Setúbal, bem como outro tipo serviços e apoios administrativos. 

A travessia do Sado viabiliza, igualmente, o acesso de um elevado número de pessoas que trabalham em ambos os lados do rio e“não pode, por isso, com os preços praticados, continuar a constituir um obstáculo à deslocação destas pessoas”.

Tendo em conta a dimensão do problema de que “resultam condicionamentos à circulação de pessoas e bens” num vasto território do país, que inclui os municípios da AML e do Litoral Alentejano, os presidentes das câmaras municipais de Setúbal, Alcácer do Sal e Grândola consideram que o Governo não pode ficar de fora.

“O Estado não pode continuar a desresponsabilizar-se. Do nosso lado, estamos totalmente disponíveis para, no contexto de soluções negociadas, contribuir para soluções equilibradas em prol das populações.”

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