Opinião
Opinião: Os 1500 registos de obras de arte roubadas que a PJ portuguesa guarda
A opinião de Paulo Freitas do Amaral / Professor, Historiador e Autor
A opinião de Paulo Freitas do Amaral / Professor, Historiador e Autor
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16 horas atrásem
Polícia Judiciária
Os 1500 registos de obras de arte roubadas que a PJ portuguesa guarda
Há um outro museu escondido em Portugal, silencioso e sem visitantes. Não tem salas de exposição, nem guias, nem vitrinas. Vive trancado em servidores da Polícia Judiciária, num banco de dados onde o país conserva não o que possui, mas o que perdeu. São cerca de mil e quinhentas obras de arte, registadas uma a uma, com fotografias, descrições e datas. São pinturas, esculturas, relicários, livros raros, alfaias de ouro e prata, santos em madeira, tapeçarias, porcelanas, tudo o que um dia pertenceu à alma artística do país e que a sombra do crime levou.
A esse inventário chama-se Base de Dados de Obras de Arte Roubadas, e nela respira uma espécie de arqueologia do desaparecimento. Foi criada para pôr ordem no caos dos registos antigos, para dar nome e número ao que o descuido, a cobiça e o tempo subtraíram ao património nacional. A cada peça corresponde uma história, e algumas parecem saídas de um romance policial, ou de uma tragédia histórica.
Entre os casos mais célebres figura o das joias da Coroa Portuguesa, subtraídas em 2002 durante uma exposição no Museu de Haia. O diamante de cento e trinta e cinco quilates, o castão de bengala de D. José I, o anel e a gargantilha que cintilaram em retratos régios desapareceram sem deixar rasto. O Estado neerlandês pagou uma indemnização, mas o gesto foi apenas um consolo diplomático. Nenhum metal precioso substitui a perda simbólica da memória. As joias ficaram, para sempre, ausentes do corpo da História.
Outros desaparecimentos marcaram o século. No Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, um assalto de 1985 retirou seis pinturas flamengas do século XVI, recuperadas meses depois graças à obstinação dos investigadores. No Palácio da Ajuda, nas reservas do Paço Ducal de Vila Viçosa, nas igrejas barrocas do interior e nas coleções privadas da capital, repetiram-se ao longo das décadas as mesmas cenas discretas de violação do património: portas forçadas, molduras vazias, altares despidos. O país, tantas vezes distraído perante a sua herança, só se apercebe do seu valor quando o vazio se torna visível.
Cada uma dessas perdas é tratada com o rigor de um relicário judicial. A PJ descreve dimensões, autores, estilos, fotografias e marcas de autenticidade. A base serve não apenas para o território nacional, mas também para alimentar a rede internacional da Interpol. Por vezes, uma pintura roubada numa capela alentejana reaparece, anos depois, num leilão de Bruxelas ou numa galeria madrilena. O cruzamento de dados revela o milagre: um santo de madeira reencontrado, um quadro de Columbano devolvido, uma peça de ourivesaria regressada ao seu altar.
Mas a maior parte das obras continua desaparecida. São sombras de beleza perdidas nos corredores do tráfico internacional de arte, onde o valor estético se confunde com o preço e onde a memória se vende a quem pagar mais. O país já não as vê, mas guarda-as em registo, na esperança de que um dia, por acaso ou por justiça, voltem a emergir da penumbra.
Há, portanto, um museu invisível dentro da Polícia Judiciária. Um museu sem paredes, onde Portugal conserva a sua ausência. É o espelho do que fomos e não guardámos, do que criámos e deixámos perder. Entre os números e as fichas técnicas vive a história silenciosa da arte que nos falta. E talvez, um dia, quando uma dessas peças for reconhecida num catálogo estrangeiro, o país recupere não apenas um objeto, mas uma parte esquecida de si mesmo.
A memória artística de um povo não se mede apenas pelo que expõe, mas também pelo que procura reencontrar. Cada obra roubada é uma ferida no retrato coletivo da nação, uma lacuna na galeria do tempo. O arquivo da Polícia Judiciária, feito de silêncio e paciência, é hoje um guardião improvável da história de Portugal. Nele, o passado espera — e ensina-nos que o esquecimento, quando institucionalizado, é o roubo mais lento de todos.
Paulo Freitas do Amaral / Professor, Historiador e Autor


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