ÉVORA

5 presos políticos e os 23 segundos para a fuga

No Teatro Garcia de Resende, em Évora. Na peça, a data e o local não são precisados, porque o assunto é de todos os tempos e de todos os lugares em que houver pessoas inconformadas e dispostas a lutar pela democracia e pela liberdade. 

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Évora, Teatro Garcia de Resende

23 Segundos, de Miguel Falcão
Comuna Teatro de Pesquisa

Cinco homens, presos políticos, conhecem-se numa cela comum da cadeia onde cumprem pena por atividades consideradas subversivas contra o Estado.

Juntos, mesmo correndo o risco de serem descobertos e torturados, engendram um plano de fuga, com a cumplicidade da companheira de um deles: escavar um túnel com cerca de doze metros, entre a cela e a muralha exterior da prisão.

Durante meses, com tarefas cumpridas de forma organizada, meticulosa e paciente, põem o plano em marcha, sempre atentos aos passos e às rotinas dos guardas.

Sabem que, desde que ouvem a chave a entrar sonoramente na fechadura da porta do edifício até à ronda da sua cela, o guarda mais rápido demora 23 segundos.

Apenas 23 segundos.

É esse o tempo de que dispõem para disfarçarem o aparato da escavação e voltarem às camas, dando a ideia de total normalidade.

Tratando-se embora de ficção, a ação inspira-se numa situação verídica ocorrida na Cadeia do Forte de Peniche, na primeira metade dos anos 50, durante a ditadura do Estado Novo.

Na peça, a data e o local não são precisados, porque o assunto é de todos os tempos e de todos os lugares em que houver pessoas inconformadas e dispostas a lutar pela democracia e pela liberdade.

Texto de Miguel Falcão

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